terça-feira, 22 de março de 2011

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Estou a caminho,e não é bem em uma estrada.
Mas os passos da vida em direção há um lugar.
Os meus pés me levam para um lugar onde tudo que tenho certeza é a de estar ali.
Ao redor não encontro respostas e a minha frente, a mata virgem exige esforços para atravessa-la. O que quero é atravessar esse caminho e chegar onde está o mar.
Tudo o que vejo é um denso pântano e nenhum sinal do mar.
Aqui sempre é escuro e húmido,os pés se afogam em óleos fumegantes.O facão destroça flores selvagens sangrentas e salamandras prateadas.
O caminho de volta é  uma rota que não me interresa mais.Porque só pode me conduzir ao passado.Avanço em transe por um caminho de depressão.A noite chega sem dar aviso nos raios de um belo crepúsculo.Ela está densa e sem estrelas,mas a escuridão está impregnada de um ar limpo,e o mais importante;novo!
A minha voz é abafa para mim mesma,e o cheiro que exala meus lábios é a do ego.
O cansaço faz meu corpo diminuir o ritmo e descansar.As folhas e flores fazem meu leito, e se livram do meu esgotamento físico.Contavam suas historias para não me sentir só.
E adormeci...adormeci,e por muitas horas assim permaneci,num sono profundo onde tudo que ouvia era o meu corpo se encolhendo para diminui o toque do frio.
A manhã também chega sem avisar,é maquinal,sem beleza espetacular.O novo dia traz uma claridade metálica.
Das recordações da noite,um pesadelo fabuloso!Me perguntei se esse lugar havia  me enlouquecido.Ouvi mesmo as flores e suas historias?!E enfim uma resposta.Me dizem do seu intimo, que as coisas tem vida própria tudo é questão de despertar a sua alma.
Na incerteza do meu tempo o mais rápido que pude continuei a andar, apenas eu e minhas perguntas.Um sentimento de abismo de desespero que me fez sentir pesar como um touro cada um dos meus órgãos,que petrificou esse sentimento.O empreendimento de caminhar só a procura de um paraíso.É a de esquecer de ser humano.
Em meio a selva sou selvagem,buscando incansável a um futuro confortável.Mas luto por algo que não significa nada para nínguem.Porém o cemitério que passo todos os dias pelo qual enterro todas as sensações que são contraditórias a minha felicidade me trazem alívio.

Na travessia gosto de imaginar que pego um trem e passo por rodoviárias
exatamente iguais.Tiro diversas fotos de cada uma,para quem sabe,encontrar algo de diferente.Nelas não haviam niguem apenas o profundo silencio cheirando a flores pisadas.As suas lacunas são de espelho, no reflexo,tudo que vejo é nada,nem mesmo eu ou a locomotiva.
E vou acordando para trás  de estação em estação até chegar a rodoviária a qual peguei a locomotiva.E procuro saber o que me acordou da viajem.Na maioria das vezes é um tronco,sanguessugas ou folhas que me cortam a pele, e a dor me chama para  a realidade.Mas dessa vez não é um tronco,as sanguessugas e muito menos as folhas.
Mas o som quase inaldivel do prazer.É o mar,a água límpida,o paraíso!É tudo o que me fez lutar e ser selvagem.E um pavor de alegria invade meu corpo  e uma gota de satisfação desce sobre minha espinha dorsal.E corro,corro com desespero,para abandonar o pântano,para me deliciar na felicidade tão desejada.Canto no estremo da alma,que troveja por todo meu corpo a canção que há muito havia planejado para a minha chegada.
As águas são puras em sua essência, e a areia é limpa e alva.Quero lavar meu rosto com essa água pura para tirar a sujeira que o tempo se ocupou em me sujar.E ao tocar na água,olhei minha aparência no seu reflexo e me queimei de súbito com as lágrimas amargas que brotam dos meus olhos.E só então percebi o preço de tudo o que havia feito.Na travessia havia perdido a força das coxas,a dureza dos seios,a expressão do rosto,a compaixão dos olhos e o habito da ternura.As rugas traziam a pergunta do porque de tão tola ambição.
E ao toca-lo perante devastadora imagem,o sentimento de desespero e nostalgia me invade.A dor me tatua com o ferro da saudade,e as lembranças de outrora se materializam pela força da evocação implacável que passeiam como seres humanos.E o fim já não conforta os meios.O sentimento de rancor magoado tira-me as forças e me joga por terra.E grito,meu corpo estremece e desejo que minha alma saia pela boca.E  em meio a agonia ela mesma grita no meu ventre que não se morre quando se deve,mais quando se pode.E mastiguei durante horas uma cólera surda.
E eu e minha alma sozinhas,morrendo de fome,sobrevivendo de raiva,apodrecendo de velhas na refinada merda da glória.

segunda-feira, 14 de março de 2011

No mundo onde o tempo não volta
deslizam entre os dedos e somem perante os olhos as horas
as horas trabalhadoras vigorosas que nunca tardem e muito menos
se precipitam para mais cedo.
Que tem vida curta e se dissipam nos braços dos minutos.
Qual o sabor,qual o cheiro de beleza aparentemente monótona e opaca
qual a tristeza carregam nos olhos as princesas julgadas iguais e tediosas
jogadas junto a desusadas horas.Logo elas que nascem e morrem,morrem e nascem
nos braços rápidos dos minutos,que trazem mais vida e a leva consigo.
Como usufruir da infinidade de cada uma delas,capturar a flor sem jamais deixar murcha-la
no esquecimento?
Como capturar o odor de cada nota celestial do milagre diário?
Como usufruir do perfume inigualável das princesas que passam correndo e não consegue-se
ver nem o balançar do vestido?...
A nuvem paira sobre a cabeça,e tudo que se faz é coça-la
Capture,case-se com cada princesa,cada uma possui um reino e o Sim pode ser o reino da terra prometida...

Arte,amor felicidade e evolução para a humanidade

A minha felicidade não precisa de muitos itens para ser completa
Não precisa do carro do ano nem de um bilhão na conta do banco
A ARTE,a beleza do poder do interior,a força de vontade que eleva ao infinito
de universos diversos e enche de cores a tela de minha felicidade antes apenas branca.
O grito de uma arte é o grito do povo da cidade,que clama por novidade cansados da
velha arte da politicagem.Meus olhos brilham ao ritmo do JAZZ meu coração palpita ao ritmo do SOUL
e meu corpo grita ROCK IN ROLL!.
Que a minha felicidade seja completa,a arte hoje grita para os morcegos na caverna,
e o seu ruído será ouvido e todos que tem ouvidos ouvirão os ruídos,e logo mais,surgirão
novos gritos que abalará as cavernas dos morcegos.
As aquarelas estão sendo extraídas das entranhas do subsolo,e pintarão em distintas telas a
Arte de todo amanhã.
E a andorinha canta e dança em meio ao azul celeste,por que não lutará sozinha e muito
menos em vão,são várias andorinhas nesse verão!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

                                                                 untitled
O céu escureceu e o desfecho se completou
Antes do amanhecer foi concedido aos anjos presenciar tamanha covardia
As cortinas do inferno se fecharam,dando fim ao morto vivo teatro
Gotas de chuva finalmente espatifaram sua breve historia na lama
O sentimento de assassinato é homicido culposo
Infernal maldição que exala putrefação do filho da luz,que foi enterrado com gritos desesperados
Céu sangrando manda neblina para esconder a vergonha da covardia e o frio para a pele estremecer
e padecer pelo erro cometido
A hora em que a noite é mais densa,no extremo do céu arde em chamas.O espelho do segredo nivelado
no eixo mais obscuro da alma cálida onde qualquer hora é noite.
Lá onde a covardia escarnece o tormento.
Os arcanjos e anjos não tardam em trazer o amanhecer.Meus olhos vêem onde tudo é escuridão e de todas as direções o sol nascerá
Poderia embeber-me na alma e meu sopro frágil nos teus olhos negros  encarcerar.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Nesse cotidiano,essa terra fertilizada de vidas abandonadas
Pessoas vivendo automaticamente pelo seu próprio sistema cativas
Cativas de sua rotina,cativa de suas vontades
Corpos desabitados por seus donos
Vidas vividas com absurdo medo
Horas viram banalidades do dia
Dias viram banalidade dos anos
O tempo cheio de tempo,porém ausente de vida
Onde habita os donos desses corpos ?
Apenas vejo ossos se locomoverem para cima
e para baixo.
Não há mais palavras verdadeira
Apenas respostas automáticas
Nesse cotidiano,essa terra fertilizada de vidas abandonadas.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Natal


Natal,natal,natal....
Por ti só lamento
Era para ser o dia do renascimento
Mas como quase tudo nessa vida
Teu verdadeiro  significado,foi trocado por compras no mercado
Sr° e srª que bela ceia,que linda pintura,ainda cheira a nova
Quem sabe assim ela não faz parecer menos inútil teu vazio lar
Que belas roupas  novas,quem sabe assim escondam essa coisa mesquinha
de tua alma velha que não renasce a muito tempo.
Reforma a tua casa,mas não renova a tua alma
Que linda geladeira,quem sabe assim ;nova, mais potente para conservar o teu  preconceito
Que belos móveis de madeira,quem sabe no próximo natal,seja dinheiro a tua ceia
Viva papai do céu !!!
(me perdoem que erro o meu)
Viva papai noel !!!
Porque barriga  tão grande?Janta de ceia em ceia na casa dos ricos e provoca nos mendigos.
Imagino que não caibas mesmo na chaminé,de ignorância tão grande não cabe ao relento que vive o pobre o faminto,sem natal,sem ceia,sem presente.
Amigo invisível!
Ou irmão invisível?presentes pendentes a aqueles que passam magros de fome na tua frente,e teus olhos ali na vitrine clemente.
Qual a melhor decoração?Qual a mesa mais farta?Quem viajou para o melhor lugar?
O importante é se espalhar,nunca se unir,é competir e nunca se amar...
No final que é o natal?
É a farra do capitalismo

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Pendencias

Caminhando sem destino,pensava,refletia.Estava só...
Senti meus fracassos,angustias,vitórias,felicidade,desejos e sonhos;brincar naquele lugar.
Cada um com sua cor,faziam questão de me tocar,para lembrar que cada uma  fazia ali.Com a angustia aprendi melhor sorrir,no fracasso a decidir que é melhor escolher.Vitórias,menininhas sapecas.Elas são um teste do que aprendi dos que aqui estão e dos que não estão aqui.Que só é conquistada quando já fora perdida.Como saberá distinguir um bom guerreiro se nunca foi a guerra?
As cores começaram a se misturar se juntar se completar.Quanto mais brincavam,mais eu crescia,tudo ao meu redor diminuía.
Uma leve brisa passou,trazendo consigo um certo odor que fazia parte daquela caminhada mais ali não estava.As que brincavam ficaram espantadas e como que do nada,mas no fundo eu sabia o motivo das brincalhonas voltarem pra dentro de mim .
Não diminui no tamanho,uma certeza eu tinha;faltava cores para dominar,Ah!isso eu sabia.
Continuei a caminhada,sabia que aquela brisa havia trazido um recado
fui em busca do remetente.Meu coração ardente queria saber que havia mais na frente.Tudo começou a ficar cinza,quando vi algo mais concreto,era preto,sabia que trazia parte de mim.Preto também é cor
Tinha algo de dominador,forte dele,algo que me fazia encolher dentro de mim mesma.O vento cessou,a brisa parou...
Sabia que tinha de enfrentar-lo,teria de prende-lo dominar-lo.Isso eu sabia tinha convicção.Mas oque eu queria era correr,fugir,mas tive que ficar ali,ela era eu e não posso fugir de mim.Apesar de estar grande,ele me cobriu e me dominou,deslizou nas minhas entranhas e ali ficou.Meu orgulho não me deixou gritar iria agüentar,até porque de nada iria adiantar.Mas até quando?escrava de mim mesma,continuei caminhando.Iria me acostumar e mesmo sendo insuportável iria tolerar-lo.Mas uma vez a dança começou,e nos seus gestou era o mais provocador,e até debochador.Ficara passiva a ele,e apenas olhava aquela sua dança macabra.A caminhada continuava,nunca parava em
momento algum parou
Havia coisas que eu queria,mas perto dele não conseguia e isso me aflingia.Chegamos até a beira de um lago,o qual devíamos atravessar,parecia fácil,mas comecei a me afogar.A única visão que tinha que era ele,negro e sorridente me dizendo que iria morrer que ele era eu e eu havia deixado de existir antes dessa morte.Sem lutar me deixei levar.
Tive um sonho ruim e acordei chorando.Do sonho eu fugi.Sabia que era reflexo de minha realidade não vou fingir...
Leticia Costa